Sim, é verdade, por mais que nos custe admitir nem sempre é fácil lidar com certos membros da família. Especialmente durante a altura das festas. Quer tenhas realmente uma boa relação com toda a tua família, ou apenas toleres familiares porque é Natal, as reuniões de família podem ser stressantes, caóticas e muitas vezes desconfortáveis – mas não precisam de ser.
É importante estabelecer limites, e isso nem sempre envolve colocarmos certas pessoas fora das nossas vidas. Estes limites também devem servir para que possamos proteger os nossos sentimentos, a nossa paz interior e claro respeitar as nossas convicções. E embora nunca haja uma forma fácil (ou correta) de estabelecer limites saudáveis quando falamos de família, queremos partilhar contigo algumas dicas que podes implementar no jantar ou no almoço de Natal.
Identifica as tuas necessidades
Quando pensas na família reunida qual é a primeira coisa que te vem à cabeça? Ficas nervosa porque sabes que podem fazer algumas questões que não te sentes confortável em responder? Anota esses sentimentos, identifica potenciais gatilhos e escreve sobre como os queres ultrapassar. Ao escreveres o que estás a sentir, ajudar-te-á a perceber quais as tuas necessidades, como podes supri-las e onde deves estabelecer limites para te sentires respeitada.
Comunica os teus limites
Ao conversares com a tua família sobre os teus limites, sê clara e específica. Acredita que não é a altura para fazer rodeios, afinal estamos a falar da tua saúde mental. Comunicar o que sentes não é entrar em conflito, não é fazer alguém sentir-se mal e muito menos é estragar o ambiente – ao contrário do que te possam dizer.
Imagina que não queres estar a falar sobre a tua relação, ou porque acabou ou porque estás a dar um tempo, mas continuam a fazer perguntas. Não tenhas receio em dizer que não queres discutir a tua relação, é algo que não te sentes confortável e não é a altura ideal para o fazer. Ou se te perguntam sobre o teu peso, roupa, carreira… O mesmo se aplica!
Os teus limites devem ser respeitados mesmo que os outros não queiram entender. Lembra-te que desta forma não estás a magoar ninguém, no entanto estás a impedir que te magoem ou expressem opiniões não solicitadas sobre algo que apenas a ti te diz respeito. Não te sintas pressionada a fazer ou dizer alguma coisa só porque é a tua família.
Mas há sempre quem resista…
Vamos ser honestas, nem todos vão entender ou respeitar que queres estabelecer certos limites, muitos vão achar que estás a magoar as pessoas ao não querer falar, vão achar isto e mais aquilo. Por isso, queremos que percebas que se alguém sentir resistência aos teus limites é algo perfeitamente normal.
E isso só te deveria levar a perceber uma coisa: se há resistência a algo que te faz sentir respeitada, então é porque esses limites são mesmo necessários. Podes sentir essa resistência de várias formas: ignorar o que pediste, culpar-te ao dizer que estás a criar mau ambiente, que não estás a ser razoável ou ainda dizer que era uma simples pergunta ou opinião e que estás a ser rude. Não deixes que isto te impeça. Fala de forma calma, direta e mantém-te firme.
Respeita-te e sê consistente
Se queres que a tua família respeite os teus limites, deves ter a certeza de que também te estás a respeitar. Ao deixares passar pequenas (grandes) coisas ao lado, porque queres fazer alguém sentir-se bem, estás também a passar a mensagem que está tudo bem se continuarem a fazê-lo. E, infelizmente, se tu não estás a ser rigorosa com os teus limites, ninguém te vai levar a sério. Portanto, diz não quando quiseres, sai da sala quando disseres que o vais fazer, não fales de coisas que disseste que não querias falar e por aí em diante. Sê consistente, responsabiliza-te a ti e aos outros para que os teus limites sejam respeitados.
Abandona a situação se necessário
Esperamos honestamente que nunca precises de o fazer, mas se definiste um limite, falaste sobre ele e alguém o ultrapassou, não tenhas receio de pedir licença e sair ou de dizer prontamente que não aceitas o comportamento. É mais fácil dizer do que fazer – especialmente com quando se trata da família mais chegada – mas os limites são uma forma de autocuidado e de respeito por ti mesma.
Se precisas de sair mais cedo do jantar ou do almoço de família, fá-lo. Explica calmamente porque o vais fazer. Ou se te sentes melhor, vai para outra sala e respira, volta e explica que não queres abandonar o convívio mas que sentiste que não estás a ser respeitada e por isso exiges que não volte a acontecer se não terás de tomar essa decisão. Deves analisar o que te faz sentir melhor. Volta ao primeiro ponto deste artigo e reflete sobre como te sentirias se a situação se tornasse avassaladora e qual seria a decisão que te faria sentir mais respeitada.
Acreditamos que podem não ser decisões fáceis de tomar, mas lembra-te que a tua saúde mental está acima de qualquer convívio familiar. Estabelecer limites deve ser a tua prioridade, nesta ou em qualquer situação. Sim, sabemos que é importante haver harmonia, mas muitas vezes o “deixar passar” aquela situação torna-a mais gravosa numa próxima vez e poderá piorar o que estás a sentir. Devemos sempre respeitar os outros, mas é importante que tu também te sintas respeitada e ouvida.
QUEREMOS QUE SAIBAS
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O conteúdo presente neste artigo é apenas uma partilha com fins meramente informativos, e portanto não constitui aconselhamento profissional de qualquer tipo. Se precisas de ajuda pondera contactar um profissional de saúde mental credenciado ou ligar para uma destas Linhas de Ajuda.