Como Estabelecer Limites num Relacionamento?

Ana Margarida
Como Estabelecer Limites num Relacionamento? E ter uma Relação Saudável

Ah, relações amorosas – não são tão diferentes daquele teu par de calças de ganga favorito, são? Tens de cuidar delas, manter a elasticidade, mas também, meu Deus, precisas de definir limites. Não é tudo à vontade do freguês! Há um limite para o quanto podes esticá-las antes de ouvires aquele rasgo doloroso e perceberes que agora estás com as calças rasgadas. Ora, vamos lá compreender como estabelecer limites num relacionamento.

Vamos começar pelas regras de um relacionamento saudável. Porque, sim, ao contrário do que a telenovela do horário nobre te faz acreditar, há regras no amor, e não, não estou a falar daquelas que envolvem ficar com o comando da televisão.

O que é um relacionamento saudável?

Um relacionamento saudável é como uma sinfonia bem orquestrada – e não, não estou a falar daquelas em que o teu parceiro toca a música do Darth Vader cada vez que discutem sobre quem deve lavar a loiça. Um relacionamento saudável é uma harmonia entre duas pessoas que se respeitam, se comunicam abertamente e dão espaço para o crescimento individual de cada um.

Quais são os pilares de uma relação saudável?

Quais são os pilares de uma relação saudável?

Comunicação

Numa relação saudável, a comunicação é clara e honesta, sem espaços para mal-entendidos dignos de uma comédia romântica de baixo orçamento. Ambos os parceiros se sentem confortáveis em expressar os seus sentimentos e preocupações, sem medo de julgamento ou retaliação. É como num bom livro: há espaço para discussões, dúvidas e até para algum suspense, mas nunca para páginas arrancadas.

Lembras-te daquele jogo do telefone estragado em que a mensagem começava como “gato” e terminava como “esparguete com natas”? Então, a comunicação num relacionamento não deve ser assim. Precisas de ser claro, direto e, acima de tudo, honesto. Não é preciso dizer que um bom diálogo é essencial, certo? Ou será que vais comunicar por sinais de fumo?

Respeito mútuo

Respeito mútuo é outro pilar crucial. Cada pessoa reconhece e valoriza o outro pelo que ele é, sem tentar moldá-lo à sua imagem e semelhança. Não é como naquele programa de remodelações em que se tenta transformar uma cabana degradada num castelo luxuoso. Cada um é perfeito na sua imperfeição. Tens a obrigação de te auto-conhecer e saber os teus limites para que não deixes que os ultrapassem, mas também tens o dever de respeitar os limites da outra pessoa. Isto parece óbvio, mas às vezes esquecemo-nos. O respeito não é uma opção num relacionamento saudável, é uma obrigação. Assim como o pão com manteiga ou a praia com sol, um não funciona sem o outro.

Espaço pessoal

E, por último mas não menos importante, um relacionamento saudável dá espaço para cada um dançar a sua dança, sem pisar nos pés do outro. Amor não é sufocar. É preciso dar espaço para o outro respirar, ter os seus próprios hobbies e passar algum tempo consigo mesmo. Porque todos nós precisamos de algum tempo para nos encontrarmos, para não nos perdermos no outro. Há espaço para estarem juntos e para estares sozinha, para encontrares o teu ritmo e expressares a tua individualidade.

O que não pode acontecer num relacionamento saudável?

Bem, se há algo que te posso garantir é que um relacionamento saudável não deve ser como um episódio de “Casos Arquivados”.

  • Violência, seja física ou psicológica: A violência, seja ela física ou psicológica, é absolutamente inaceitável num relacionamento. É uma linha que nunca deve ser cruzada, independentemente da situação ou das circunstâncias. Todos nós, enquanto seres humanos, podemos ocasionalmente perder a paciência ou sentir frustração, mas isso nunca deve servir de pretexto para infligir dor a outra pessoa.
    Se estás a viver uma situação de violência física ou psicológica, é crucial que procures ajuda o mais rápido possível. Ninguém deveria sofrer em silêncio ou sentir-se preso numa situação de abuso. A violência é um crime e deve ser tratada como tal. Procura apoio de um profissional de saúde credenciado e contacta as autoridades competentes. Lembra-te, tens o direito a uma relação saudável e segura, onde te sintas valorizada e respeitada.

  • O desrespeito e a desvalorização também são grandes ‘nãos’. Lembras-te do respeito mútuo que mencionei anteriormente? Pois é, isto é o oposto disso. O desrespeito e a desvalorização são como ervas daninhas num jardim que cultivaram com amor e dedicação. Estas ervas daninhas podem começar pequenas, mas se não forem controladas, podem rapidamente assumir o controlo e sufocar as belas flores e plantas que tanto se esforçaram para cultivar.
    O desrespeito pode manifestar-se de várias formas numa relação: desde a desconsideração pelas opiniões e sentimentos, até ao não cumprimento dos limites que estabeleceste. É como uma dança fora de ritmo, onde um dos dançarinos ignora os passos do outro, resultando numa dança descoordenada e desconfortável.
    A desvalorização, por outro lado, é como usar sempre as tuas calças de ganga favoritas sem cuidar delas. Se não as valorizares, se não as lavares e cuidares corretamente, elas irão desgastar-se e perder a sua beleza e conforto.

  • Falta de liberdade. Lembra-te, um relacionamento saudável não deve ser uma prisão. Se te sentires presa, como se estivesses a viver a tua versão do “Prision Break”, então algo está errado.
    Se sentires que a tua relação se assemelha mais a uma cela de prisão do que a um porto seguro, então algo está, sem dúvida, errado. Imagina se as tuas calças de ganga preferidas, de repente, te apertarem tanto que mal consegues respirar ou mover-te. É desconfortável, certo? Da mesma forma, um relacionamento que limita a tua liberdade de pensamento, expressão ou ação é igualmente desconfortável e, sem dúvida, insalubre.
    Nenhum relacionamento deve tirar-te a liberdade de seres tu própria, de fazeres o que gostas e de expressares as tuas opiniões e sentimentos. Afinal, o amor deve ser como um vento suave que te eleva, e não como uma corrente que te prende ao chão. Respeitar a individualidade de cada um é uma das bases de um relacionamento saudável. É importante que haja espaço para crescer e evoluir como indivíduo, mesmo estando numa relação.
O que não pode acontecer num relacionamento saudável?

Como estabelecer limites num relacionamento?

Bem, começa pela comunicação. É preciso falar, falar e falar. Se algo te incomoda, se sentes que o teu espaço está a ser invadido ou que não estás a ser respeitada, deves dizer. E o mais importante: tens de fazer-te ouvir.

Ao estares numa relação, é crucial que tenhas noção de quem és, o que queres e o que não queres. A isto chama-se: autoconhecimento. Compreenderes-te e ter consciência das tuas necessidades, limites e valores é fundamental para que consigas estabelecer limites saudáveis. O autoconhecimento permite que estejas mais consciente das tuas próprias emoções, desejos e objetivos, capacitando-te a comunicar de forma clara e assertiva com o teu parceiro. Ao iniciar um relacionamento com uma base sólida de autoconhecimento, estarás melhor preparada para estabelecer limites que sejam respeitados, promovendo uma dinâmica saudável e equilibrada entre ambos.

Estabelecer limites não é ser egoísta ou autoritária, é uma questão de respeito próprio e de cuidado com o outro. Lembra-te, um relacionamento é como um par de calças que deve vestir bem a ambos. Portanto, não puxes demasiado de um lado só, não estiques mais do que o tecido aguenta. Estabelecer e comunicar limites numa relação é essencial para manter o equilíbrio e o respeito mútuo. É sobre entender e respeitar o espaço pessoal de cada um, as diferenças e as necessidades individuais. Não se trata de controlar o outro, mas sim de estabelecer um espaço seguro onde ambos possam expressar as suas necessidades e expectativas.

Como estabelecer limites num relacionamento: Dicas para conseguires uma relação saudável

Dicas para estabelecer limites num relacionamento e ter uma relação saudável:

  1. Comunicação clara: Expressa as tuas necessidades e expectativas de forma clara e honesta. Não deixes margem para mal-entendidos ou suposições. Deixa claro o que é aceitável para ti e o que não é.

  2. Respeito pela individualidade e pelo espaço do outro: Entende que a outra pessoa tem as suas próprias necessidades, interesses e vida fora do relacionamento. Respeita o espaço dela e encoraja-a a fazer o mesmo por ti.

  3. Define consequências: Se um limite for ultrapassado, é importante discutir as consequências disso. Isso não significa um castigo, ou terminar a relação, mas sim uma discussão sensata sobre como o comportamento afeta o vosso relacionamento e o bem estar emocional de cada um de vocês.

  4. Mantém-te firme: Os limites não são negociáveis. Uma vez definidos, devem ser respeitados. Se a outra pessoa na relação tentar ultrapassar esses limites, mantém-te firme e lembra-a do que foi acordado. E se mesmo assim não for o suficiente devem ponderar consultar um terapeuta de casais credenciado ou se devem terminar o relacionamento.

Saber como estabelecer limites num relacionamento é essencial para manter um relacionamento saudável, respeitoso e equilibrado. Porque assim como as calças de ganga, a relação precisa de espaço para respirar, de cuidado na lavagem e de mimo na utilização.

Como posso colocar em prática?

Agora que já sabes mais sobre como estabelecer limites num relacionamento, estás a perguntar-te como podes colocar tudo isto em prática de uma forma estruturada e consistente?

Ao embarcares num relação deves ter consciência de quem és, como queres ser tratada, assim como quais são os teus limites. Daí a importância do auto-conhecimento e de como é também a chave-principal para construires um relacionamento saudável contigo e com os outros. Por isso criamos o Wellness Journal. Um recurso criado com o objetivo de te ajudar a refletir sobre o teu bem-estar, auto-conhecimento, a gerir as tuas emoções e a estabelecer limites saudáveis na tua vida. Não é a solução mágica, mas pode tornar a tarefa um pouco menos assustadora. Se estás curiosa, podes descobrir mais aqui.


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O conteúdo presente neste artigo é apenas uma partilha com fins meramente informativos, e portanto não constitui aconselhamento profissional de qualquer tipo. Se precisas de ajuda pondera contactar um profissional de saúde mental credenciado, as autoridades competentes ou ligar para uma destas Linhas de Ajuda e APAV.

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