Como Explicar a Importância do 25 de Abril às Crianças

Ana Margarida
Como Explicar a Importância do 25 de abril às Crianças

A revolução dos cravos, também conhecida como a revolução de Abril, é um dos momentos mais marcantes da história de Portugal. Onde o nosso país passou por grandes mudanças políticas, sociais e culturais, que afetaram profundamente a vida dos portugueses.

É importante que as crianças de hoje em dia saibam o que foi essa revolução e por que foi tão marcante para a história do nosso país. E foi por isso mesmo que quis explicar ao meu filho o que era afinal este feriado em Portugal. E num mundo onde a internet te permite ter toda a liberdade de expressão, é fundamental que a criança e o pré-adolescente perceba que nem sempre tivemos tantos direitos, inclusive o de dizer o que pensamos.

Mas afinal como podes explicar o 25 de Abril às crianças?

É importante dar algum contexto e explicar que antes do 25 de Abril de 1974, Portugal era governado por um regime ditatorial, onde não havia liberdade de expressão, manifestação ou de imprensa. As pessoas não tinham voz nem poder para expressar as suas opiniões e o regime ditatorial impunha também limitações a muitos outros aspectos da vida dos portugueses.

Ao contares aos teus filhos sobre a Revolução dos Cravos, deves realçar que foi um momento histórico de união e solidariedade, onde muitos portugueses se uniram para exigir liberdade e democracia. Foi um movimento pacífico liderado pelos militares portugueses que acabou com o regime ditatorial e restaurou a democracia em Portugal. A Revolução do 25 de Abril permitiu que as pessoas tivessem voz e que as suas opiniões fossem ouvidas, o que é uma das bases fundamentais de uma sociedade democrática.

Como explicar a importância do 25 de Abril às crianças

Começa por explicar o que é uma ditadura

Explica que em Portugal, antes de 1974, havia um tipo de governo chamado ditadura. Isto porque da revolução não existiam eleições livres, ou seja, as pessoas não podiam escolher quem as representaria no governo. Neste caso, em Portugal, o poder de governar estava nas mãos de uma só pessoa. Pessoa essa, de seu nome António de Oliveira Salazar, que tomava todas as decisões e não permitia que as pessoas falassem livremente nem podiam exprimir certas opiniões que fossem contra o seu regime. Se o fizessem eram presas ou severamente punidas.

Conta-lhe como se vivia em Portugal antes do 25 de Abril

Usa exemplos simples para que possam relacionar-se. Começa por algo como: as notícias nos jornais e na televisão eram censuradas, ou seja, só eram divulgadas e transmitidas as notícias que o governo permitia. Não existiam telemóveis, apenas telefones fixos. E eram poucas as pessoas que tinham televisão. As notícias autorizadas pelo governo eram impressas nos jornais. Mostras-lhes este exemplo de uma capa de Jornal do dia da revolução, com a indicação, em rodapé, que era uma edição onde: “Este jornal não foi visado por qualquer Comissão de Censura”.

As pessoas não podiam fazer manifestações ou greves para protestar contra as decisões do governo, e se o fizessem, podiam ser presas ou maltratadas pela polícia, que na altura se chamava PIDE que significa Polícia Internacional e de Defesa do Estado. Também não podias ouvir todas as músicas nem ler alguns livros, pois eram censurados pelo governo antes de serem publicados. Não se podia dar um beijo na boca em público e as mulheres não tinham os mesmos direitos que os homens, e muitas necessitavam de autorização escrita dos maridos para certos atos da vida social.

Este livro, apesar de não ser dedicado a crianças, fala exatamente do que era proibido em Portugal antes do 25 de abril.

Já nas escolas, o ensino era rígido e autoritário, as professoras eram muitas vezes temidas porque muitas vezes batiam nas crianças quando estas não agiam segundo as regras. Também na escola, os meninos eram separados das meninas, existiam turmas de meninas e turmas de meninos e as saias das raparigas eram medidas à entrada da escola – não havia liberdade de escolha nem sequer no que vestir. As professoras do ensino primário deviam permanecer solteiras, só podendo casar mediante um pedido de autorização ao Ministério da Educação. Para que tenham mais contexto, mostra-lhes este vídeo, produzido pela RTP, que retrata uma aula numa escola primária durante o Estado Novo.

Em relação às brincadeiras, as crianças daquela época não tinham acesso aos mesmos brinquedos e jogos que existem hoje em dia. As brincadeiras eram muitas vezes improvisadas e simples, como jogar à bola, às escondidas, à cabra-cegas ou brincar com carrinhos de madeira. E brincava-se muito na rua com os amigos e com vizinhos.

Este vídeo também pode dar uma ajuda a explicar aos mais pequenos como se vivia em Portugal antes de 1974:

O dia da Revolução

O País estava descontente. Havia muita pobreza e muita censura. Na madrugada do dia 25 de abril de 1974, os militares portugueses lideraram um movimento para derrubar a ditadura e restaurar a democracia em Portugal. Eles, juntamente com populares, ocuparam as ruas de Lisboa e outras cidades importantes do país, sem usar violência. A música que se fez ouvir na rádio para que todos soubessem que a revolução estava eminente foi E depois do Adeus” de Paulo de Carvalho, mas foi a segunda música já revolução adentro, que ficou marcada como o hino da revolução: Grândola, Vila Morena, de Zeca Afonso.

A história do 25 de Abril contada a crianças

A importância da liberdade de expressão

Explica-lhes que foi graças à Revolução dos Cravos, que as pessoas em Portugal tiveram finalmente a oportunidade de falar livremente e expressar as suas opiniões sem medo de serem presas ou punidas. A liberdade de expressão é uma das coisas mais importantes em qualquer sociedade democrática, porque permite que as pessoas expressem as suas ideias e lutem pelos seus direitos. Ter liberdade de falar o que pensamos é agora um direito, portanto deve ser usado com cidadania. Explica-lhes também que esse direito acarreta um dever: o de respeitar e não magoar os outros com as nossas palavras.

O significado dos Cravos nesta revolução

Explicar o 25 de Abril às crianças

Os cravos foram flores usadas pelos portugueses para celebrar esta revolução e a responsável por isso foi, na verdade, uma Mulher: Celeste Caeiro. Esta é história das imagens dos soldados que usaram os cravos vermelhos nas suas espingardas.

Um soldado pediu um cigarro a Celeste, mas esta não era fumadora e tudo o que tinha para lhe dar era um dos cravos que trazia consigo. O soldado aceitou a flor e colocou-a no cano da espingarda e logo os companheiros seguiram-lhe os passos, levando Celeste a distribuir todos os cravos que tinha nos braços. O cravo vermelho tornou-se assim o símbolo da revolução e de que a mudança seria pacífica, sem guerra.

A Revolução dos Cravos é um exemplo importante de como a luta pelos direitos e pela justiça pode ser feita de forma pacífica e unida. É um momento histórico que deve ser lembrado e ensinado às crianças, para que possam compreender a importância da democracia, da liberdade de expressão e da participação cívica na construção de uma sociedade justa e livre. Enquanto educador, deves incentivar os mais novos a refletir sobre a história do nosso país e a importância de se envolverem na vida política e social, sempre de forma respeitosa.

Livros que te vão ajudar a explicar a importância do 25 de Abril às crianças:

+ 6 anos

O Meu Primeiro 25 de abril

O autor José Jorge Letria, conta como viveu as horas da revolução e esses dias com grande intensidade e emoção, aos leitores mais novos, que podem partilhá-la com os colegas de escola e com os amigos.

+ 6 anos

O 25 de Abril contado às Crianças… e aos Outros

José Jorge Letria, explica às crianças (e aos outros) o porquê da importância do 25 de Abril para Portugal e como os seus habitantes voltaram a viver em liberdade, depois de quase 50 anos de tristeza e de silêncio.

+ 9 anos

Era uma Vez o 25 de Abril

Neste livro José Fanha fala deste período como quem conta uma história fantástica, heróica, divertida e contraditória, mas maravilhosa e verdadeira. E sobretudo, fá-lo de uma forma simples e fácil de entender.

+ 7 anos

25 de Abril

As autoras Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, fazem um relato através de textos e de imagens, da conjuntura que antecedeu e ditou a Revolução de Abril, bem como o período conturbado que se seguiu. São abordados temas como a guerra colonial, a ditadura, a PIDE e os presos políticos, a democracia e o ato eleitoral.

+ 9 anos

Miguel e Kiko no 25 de Abril

A autora, Gisela Silva, conta a história de Miguel, a tia Antónia e Kiko que se juntam-se à multidão que grita por liberdade. Miguel fica admirado com tudo o que observa e percebe que é o entusiasmo de uma nação levantada, a caminho da democracia.

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