Finanças nas Redes Sociais: O que Aprender (e Ignorar) com as ‘Finfluencers’

Rita
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Nos últimos anos, as redes sociais tornaram-se mais do que apenas espaços para partilhas pessoais, transformaram-se em verdadeiras plataformas de informação, opinião e até de educação. Entre vídeos de receitas, tutoriais de maquilhagem e desabafos do dia, começou a surgir um novo tipo de conteúdo: conselhos financeiros. E com eles, surgiu também uma nova figura: a finfluencer ou influencers de finanças pessoais.

Talvez já tenhas seguido uma conta que promete ensinar-te a “ficar rica aos 30”, “viver de rendimentos passivos” ou “poupar 10.000€ num ano”. Mas será que tudo o que vês é realista? O que é que podes realmente aprender com estas contas? E o que deves ignorar para proteger a tua saúde financeira (e mental)?

Vamos falar de forma direta sobre finanças pessoais nas redes sociais, ajudando-te a distinguir entre conselhos úteis e expectativas irrealistas.

O lado positivo: acessibilidade e motivação

Vamos começar pelo lado bom. As finanças pessoais nas redes sociais trouxeram um benefício enorme: tornaram um tema que costumava ser aborrecido, técnico e elitista em algo mais acessível, visual e fácil de entender.

Antigamente, para aprenderes sobre investimentos, poupança ou crédito, tinhas de ler livros densos, ver programas pouco apelativos ou pagar por aconselhamento financeiro. Agora, com alguns cliques, podes ter acesso a dicas práticas, explicações simples e até ferramentas para gerires melhor o teu dinheiro.

Além disso, ver outras pessoas a alcançar objetivos como sair das dívidas ou construir uma poupança pode ser altamente motivador. Dá-te aquele empurrão para começares também, e isso é valioso.

O problema da simplificação exagerada

Mas nem tudo o que brilha é ouro, e o mundo das finanças pessoais nas redes sociais não é exceção. Um dos maiores riscos que enfrentas é a simplificação excessiva de assuntos que são, por natureza, complexos.

Vês vídeos que resumem toda uma estratégia de investimento em 15 segundos, ou carrosséis no Instagram que te dizem “5 passos para enriquecer”, como se fosse uma receita de um bolo. Isto pode criar uma falsa ideia de facilidade — e pior ainda, pode levar-te a tomar decisões importantes com base em conselhos pouco fundamentados.

O dinheiro não é um tema universal. O que funciona para alguém com um salário elevado, sem filhos, e que vive numa grande cidade pode não funcionar para ti. Contexto é tudo e nas redes sociais, esse contexto nem sempre aparece.

Influencers vs especialistas: sabes quem estás a ouvir?

Este ponto é essencial. Há uma diferença gigante entre um educador financeiro certificado e uma pessoa que partilha a sua experiência pessoal. Ambas as abordagens têm valor, mas é importante saberes distingui-las.

Alguns finfluencers são jornalistas económicos, economistas ou consultores financeiros com formação e experiência sólida. Outros são autodidatas que aprenderam por conta própria e falam com base no que resultou com eles.

O problema surge quando alguém sem preparação começa a dar conselhos generalizados como se fossem universais. Por exemplo, sugerir a todos que invistam em criptomoedas, ou que façam crédito pessoal para abrir um negócio, sem explicar os riscos, é irresponsável.

Este artigo, publicado pela Forbes Portugal, aborda os riscos associados à confiança em conteúdos financeiros disponíveis especialmente nas redes sociais. Destaca a importância de verificar a credibilidade das fontes, desconfiar de promessas de enriquecimento rápido e procurar informações complementares em entidades oficiais como o Banco de Portugal e a CMVM.

Quando estiveres a consumir conteúdo sobre finanças pessoais nas redes sociais, pergunta-te:

  1. Esta pessoa tem formação ou experiência comprovada?
  2. Está a vender algum curso?
  3. Está a apresentar várias perspetivas ou só a sua?

Estas perguntas ajudam-te a manter um olhar mais crítico e proteger-te de más decisões.

A comparação que corrói

Há outro perigo silencioso: a comparação constante. É fácil começares a sentir que estás “atrasada” quando vês alguém dizer que comprou casa aos 23 anos e que já tem 80.000€ investidos em ETFs.

As redes sociais mostram highlights, não a realidade. Podes não ver as ajudas familiares, os salários acima da média, ou até as dívidas escondidas por detrás de uma imagem bonita. O que vês é uma versão editada e otimizada da vida de alguém.

Comparar o teu percurso com essas imagens pode levar-te a sentimentos de frustração, inadequação e culpa. E isso vai contra tudo o que uma boa gestão financeira deve promover: tranquilidade, segurança e equilíbrio emocional. Foca-te no teu caminho, nas tuas metas e no teu ritmo. As finanças pessoais nas redes sociais podem inspirar, mas não devem definir o teu valor nem o teu progresso.

O que deves aprender com as finfluencers

Mas nem tudo é negativo — há muitas coisas úteis que podes (e deves) aprender com as finfluencers credíveis:

  • Conceitos básicos como perceber o que juros compostos, inflação, taxa de esforço, fundo de emergência.
  • Ferramentas práticas, como apps de gestão de orçamento ou folhas de cálculo simples.
  • Testemunhos reais de pessoas que superaram dificuldades financeiras, que podem dar-te coragem para começares.
  • Técnicas de poupança como o método dos envelopes, o desafio das 52 semanas ou o 50/30/20.

A chave está em usar estas informações como ponto de partida, e não como um plano fechado. Podes adaptar, ajustar e explorar mais a fundo, mas nunca seguir cegamente só porque resultou com alguém.

O que deves ignorar (sem remorsos)

Por outro lado, há certos tipos de conteúdos que deves mesmo ignorar — ou pelo menos olhar com muita desconfiança:

  • Promessas rápidas de enriquecimento (“Faz isto e ganha 1000€ por mês sem trabalhar”).
  • Estilo de vida irrealista disfarçado de educação financeira (jantares de luxo no Dubai com a legenda “investir em experiências”).
  • Pressão para comprar cursos caríssimos sem base de credibilidade.
  • Conselhos que ignoram o risco, especialmente em investimentos.

As finanças pessoais nas redes sociais devem servir para empoderar-te, nunca para te fazer sentir pressionada, inferior ou assustada.

    Como te podes proteger e aproveitar o melhor

    Aqui ficam algumas dicas práticas para tirares o melhor partido deste tipo de conteúdo sem caíres nas armadilhas:

    • Cuida da tua saúde mental financeira: se o conteúdo te está a gerar ansiedade, talvez seja hora de fazer uma pausa.
    • Segue fontes diversas, credíveis e com visões diferentes sobre dinheiro.
    • Confirma a informação antes de aplicares algo na tua vida.
    • Desconfia de soluções milagrosas — em finanças, nada é garantido.

    No meio de tantos conselhos, fórmulas mágicas e gurus digitais, o mais importante é que percebas isto: tu és a única responsável pelas tuas decisões financeiras. Podes (e deves) aprender com os outros, mas nunca deixes que isso substitua o teu próprio julgamento e os teus valores.

    As finanças pessoais nas redes sociais são uma ferramenta. Cabe-te a ti usá-la com consciência, espírito crítico e equilíbrio. Informa-te, inspira-te, mas nunca te esqueças de filtrar, porque no final do dia, ninguém conhece melhor a tua realidade do que tu.

    QUEREMOS QUE SAIBAS

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    O conteúdo presente neste artigo é uma partilha com fins meramente informativos, e portanto não constitui aconselhamento profissional de qualquer tipo e não deve ser encarado como uma recomendação financeira. Considera consultar um profissional financeiro credenciado para obteres orientação personalizada com base na tua situação financeira e metas individuais.

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