Lembro-me da primeira vez em que comecei a pensar nas minhas poupanças. Estava no meu primeiro emprego, os meus colegas – alguns bem mais velhos do que eu – falavam em poupanças e como tinham conseguido poupar… E a verdade é que pouco ou nada consegui contribuir para o tema da conversa. Primeiro porque não tinha uma poupança e segundo porque, sejamos honestas, nada disto me foi ensinado na escola. Regressei a casa nesse dia e pesquisei imediatamente no Google “Como começar a poupar dinheiro mensalmente”. E se também estás a passar por esta situação, então estás no sítio certo.
Construir um fundo de emergência é algo que geralmente é mencionado como a primeira coisa que todas devemos fazer para organizar as nossas finanças, mas o que fazer se não tiveres sequer 20 euros para poupar neste momento? Estive nessa posição alguns anos depois de me formar na faculdade e, embora inicialmente parecesse avassalador, assim que comecei a dar alguns pequenos passos na direção certa, foi mais fácil construir essa rede de segurança que é o fundo de emergência e comprar a minha primeira casa.
Segue os passos abaixo para teres uma visão geral de como podes começar a poupar dinheiro mensalmente:
Avalia os teus gastos
Todas nós sabemos a importância de ter um orçamento familiar (quer tenhas filhos ou não), mas é difícil criar um orçamento que funcione se nem sequer sabes para onde está a ir o teu dinheiro neste momento. Num domingo de manhã, pega na tua bebida favorita e nos teus últimos seis meses de extratos bancários para descobrires onde podes poupar. Não te vou dizer para eliminares tudo o que adoras: deixa de beber café a meio do dia, deixar de ir jantar fora no final do mês… Se é algo que te dá muita alegria e contribui para o teu bem-estar (por exemplo, o café que tomas a seguir ao almoço nos dias em que vais ao escritório, ou o jantar mensal com as tuas amigas…), tenta incluí-los no teu orçamento. Concentra-te sim, nas despesas que não te lembras de ter feito (as subscrições de streaming recorrentes, por exemplo), ou nas que sabes que não te trazem satisfação a longo prazo (aquele pedido de UberEats completamente escusado – considera mesmo apagar a App). Não cortes nos essenciais, opta sim por eliminar aquilo que conscientemente sabes que não precisas de forma a poupar algum dinheiro extra.
É importante notar que onde vives e o teu estilo de vida atual têm um papel importante no quanto podes poupar. Se estás a receber atualmente o vencimento mínimo (ou perto disso) e vives no centro de Lisboa ou do Porto, talvez não consigas poupar centenas por mês devido ao custo de vida numa grande cidade e ao teu rendimento atual. Embora não te queira dizer para ires viver com os teus pais ou alugares casa com amigos e mudares completamente o teu estilo de vida, vale a pena mencionar que as tuas maiores despesas (renda, transporte, comida, etc.) devam ser reavaliadas se quiseres mudar o quanto consegues poupar num curto período de tempo.
Foca-te no porquê de quereres poupar
Quando se trata de finanças, eu preciso de ter um objetivo, caso contrário, distraio-me completamente e gasto o meu dinheiro em coisas aleatórias. Seja estabeleceres uma meta para uma quantia que queres poupar até uma determinada data ou definires onde vai ser usada essa quantia, vai acabar por ser mais fácil. Quando te questionares se precisas de comprar algo (vê o passo 4!), podes adicionar o objetivo para o qual estás a poupar como uma alternativa. Por exemplo: “Quero comprar esta mala que custa 35€, ou quero ficar 35€ mais próxima do meu objetivo de comprar uma casa?”. É muito mais fácil optar por poupar quando tens um objetivo claro para te motivar.
A segunda parte de estabelecer metas é certificares-te de que elas são visíveis! Quer seja moodboard acima da tua secretária (o meu favorito) ou no teu telemóvel, manter as tuas metas de poupança bem presentes na tua mente é fundamental para as concretizares.
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Cria um orçamento
Depois de descobrires onde estás a gastar o teu dinheiro e por que razão precisas de poupar, deves sim criar um orçamento. Existem muitos métodos diferentes que podes escolher, como o sistema 50-30-20, uma app específica para poupar ou se adoras escrever tal como nós, este Planner de Finanças Pessoais é tudo o que precisas. O objetivo é descobrir quais são os teus custos fixos (como renda, passe mensal, etc) e os teus custos variáveis (como compras de supermercado, atividades, refeições fora e ginásio) para que possas encontrar áreas onde podes poupar. Com base no que destacaste como sendo importante no primeiro passo, podes descobrir quais custos variáveis valem a pena incluir no teu orçamento e quais aqueles que podes cortar. Depois de teres eliminado algumas áreas, reserva esse dinheiro para poupanças.
Em alternativa, se souberes que queres poupar uma determinada quantia, trabalha ao contrário para descobrires o que precisas de reduzir ou eliminar do teu orçamento para conseguires atingir esse objetivo. Embora a criação de um orçamento nunca seja a coisa mais divertida, é útil lembrar que é um investimento em ti e um plano para te ajudar a alcançar os teus objetivos.
Começa aos poucos
Quando começas do zero, é fácil sentir que tens de poupar centenas ou milhares de euros por mês para fazer diferença, mas isso simplesmente não é verdade. Ao começares com um valor mais pequeno e encontrares formas de poupar 5 euros aqui e 25 euros ali, podes criar um impulso que rapidamente se transformará numa poupança maior. Um truque que usei quando comecei a minha jornada de poupança (e ainda uso hoje!) é questionar-me se realmente preciso de algo ou se é apenas um desejo temporário. Preciso de encomendar para jantar quando tenho sobras do almoço? Não, posso poupar esse dinheiro para algo que vou apreciar muito mais?! Preciso de mais uns jeans? Provavelmente não. Provavelmente já percebes a ideia. Ao fazer esta pergunta obrigar-te-á a pensar antes de comprar certas coisas e a considerar realmente se queres algo ou se é melhor poupar o teu dinheiro a longo prazo.
Pondera investir em Certificados de Aforro
Os certificados de aforro são um tipo de investimento de baixo risco e fácil acesso, oferecido pelo estado Português. Permitem que deposites o teu dinheiro e, em troca, recebas juros sobre o valor investido. Esses juros são calculados com base numa taxa fixada pelo Estado e são normalmente superiores às taxas de juros oferecidas pelos bancos comerciais em contas poupança regulares. O que significa que, neste momento, acaba por render mais do que teres o dinheiro “parado” numa conta no banco. Ao investir em Certificados de Aforro, estás a emprestar dinheiro ao Estado, ou seja, podemos considerar que é um investimento seguro. É uma opção atraente para quem procura proteger o seu capital e obter um rendimento modesto ao longo do tempo. Os Certificados de Aforro são geralmente adquiridos através dos Correios (CTT) ou de instituições financeiras autorizadas. Existem diferentes séries de Certificados de Aforro disponíveis, cada uma com características específicas em termos de prazo, taxa de juros e condições de resgate.
É importante destacar que os Certificados de Aforro têm um prazo mínimo de investimento, o que significa que o teu dinheiro ficará bloqueado por um determinado período antes de poderes resgatá-lo sem penalidades. Por isso, é recomendável avaliares cuidadosamente o teu horizonte de investimento e as tuas necessidades de liquidez antes de optares por essa modalidade de poupança. Antes de investires em Certificados de Aforro, é aconselhável teres primeiro um fundo de emergência. E claro, tratando-se de um produto financeiro deves obteres informações detalhadas sobre as condições específicas de cada série de certificados e avaliar se essa opção se adequa aos teus objetivos financeiros e perfil de risco.
Aumenta os teus rendimentos
Embora todas as dicas acima sejam importantes, focam-se principalmente na redução de custos. Se fizeste tudo o que foi mencionado acima, mas queres atingir as tuas metas de poupança mais rapidamente, pode ser altura de considerares outras fontes de rendimento ou de aumentares o teu salário pedindo um aumento.
Isso pode significar temporariamente aumentar o número de horas de trabalho até teres o teu fundo de emergência ou, caso tenhas tempo, criares o teu próprio emprego enquanto trabalhas a full-time.
Eu mesma optei por fazer alguns trabalhos freelance de escrita e edição para me ajudar a poupar para os meus objetivos. Embora às vezes fosse cansativo, foi ótimo ver o meu dinheiro a aumentar mensalmente.
Automatiza as tuas poupanças
Uma maneira eficaz de poupar é automatizar o processo. Configura uma transferência automática de uma parte do teu salário para uma conta de poupança assim que receberes o pagamento. Desta forma, estarás a garantir que uma parte do teu rendimento é reservada para a poupança ou fundo de emergência, antes mesmo de teres a oportunidade de gastá-la. Essa abordagem vai ajudar-te a tornar a poupança uma prioridade e evita que gastes todo o dinheiro disponível.
Além disso, optar por uma conta de poupança separada, que seja mais difícil de aceder com um simples clique na app do banco, também ajuda a evitar a tentação de gastar o dinheiro destinado à poupança. Automatizar as poupanças é um método simples e eficaz para construir um fundo de emergência ou alcançar outras metas financeiras a longo prazo.
Lembra-te que: poupar dinheiro é uma maratona, não um sprint. Não precisas de fazer tudo de uma vez, e está tudo bem se cometeres alguns erros pelo caminho. O mais importante é começares onde estás agora e fazeres o teu melhor para te tornares um boa gestora do teu dinheiro. Estou confiante de que, ao seguir estes passos e manteres-te focada nas tuas metas, serás capaz de construir um fundo de poupança sólido para o teu futuro.
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O conteúdo presente neste artigo é apenas uma partilha com fins meramente informativos, e portanto não constitui aconselhamento profissional de qualquer tipo e não deve ser encarado como uma recomendação financeira. Considera consultar um profissional financeiro credenciado para obteres orientação personalizada com base na tua situação financeira e metas individuais.