Amor-próprio: 5 Lições que Aprendi com a minha Psicóloga

Sofia

Um dos meus maiores desafios, e vou admiti-lo aqui, sempre foi o amor-próprio. Tenho dias em que me sinto infeliz quando me vejo ao espelho e muitas vezes questiono-me sobre as escolhas que faço. Mas travei uma luta interna e finalmente posso dizer que me amo. Podes até perguntar-me: mas se te amas não deverias também amar tudo em ti? A verdade é que não é nem nunca será assim (continua a ler, vais perceber).

E acredito que mais estranho possa parecer quando alguém admite, em voz alta, mas acho que parte do amor-próprio é expressá-lo para que outras pessoas possam sentir-se confortáveis para o fazer. No entanto, “amor-próprio” nem sempre esteve na minha lista de traços de personalidade. Grande parte da minha vida, enquanto adolescente e agora na fase adulta, foi desperdiçada a tentar parecer ou agir de maneira diferente para que eu fosse mais “agradável”. O que me ajudou a combater isso? Muita terapia para me sentir bem comigo mesma e aceitar-me. A minha psicóloga ajudou-me a perceber o que é afinal isto do amor-próprio e quais ferramentas necessárias para me começar a amar e a respeitar.

A boa notícia é que o amor próprio não é um destino, mas sim um relacionamento vitalício – o mais importante na tua vida. Neste artigo, vou partilhar contigo a minha experiência e as cinco lições valiosas que aprendi com a minha psicóloga sobre amor-próprio e como me ajudaram a me amar mais e melhor. Espero que estas dicas também te possam ser úteis na tua jornada de auto-conhecimento e auto-cuidado. Agora que tiramos todos os clichês do caminho, fica a conhecer cinco coisas que me ajudaram e muito nesta grande viagem.

O amor-próprio não acontece só porque deveria

O amor-próprio é algo que vais trabalhando, não se trata de uma circunstância. Assim como a felicidade ou a gratidão, o amor-próprio não acontece apenas quando atinges um determinado cargo ou se reduzires um número de calças. É como um músculo que precisa de ser trabalhado repetidamente para se tornar mais forte. Cada pensamento negativo, momento de dúvida ou crítica que surge é um teste ao teu amor-próprio. Podes reconhecer esse padrão e escolher ter um pensamento mais positivo sobre ti. Além disso, pára de dizer que, só depois de perderes peso é que vais conseguir um cargo melhor ou até um aumento. Não é assim que a mente funciona. Alcança o que desejas na vida porque sabes que mereces, e não o contrário.

Até porque amor-próprio não tem o mesmo significado para todas nós. Para ti pode significar cuidar do teu corpo para te sentires saudável (nunca para obedecer a estereótipos da sociedade); mas para mim pode ser passar tempo comigo mesma. Para outra mulher pode ser escrever no seu journal ou mesmo cuidando da sua pele. O que importa é que te respeites e sintas que o estás a fazer é um caminho e que és tu quem define para onde queres ir.

A perfeição não é uma meta

Quando comecei as consultas com a minha psicóloga, contei-lhe sobre a minha ansiedade, dando exemplos como: o que sinto é “ilógico” e “talvez esteja um pouco maluca” (como se isso de alguma forma tornasse a minha ansiedade menos ilógica). Também lhe expliquei comportamentos que tinha como: adormecer com a televisão ligada ou navegar pelo Instagram assim que acordava. E começava sempre com: “Eu sei que é mau, mas…”

E a verdade é que só eu sei como ficava frustrada quando falhava uma meta de saúde. Ou mesmo quando não conseguia dormir à noite porque o stress me mantinha acordada ou quando achava que tinha tomado uma decisão errada. Usei essas “metas fracassadas” para explicar o que, na minha opinião, tinha de errado comigo mesma. A verdade é que nem por um momento questionei se algo poderia estar errado com as metas que eu mesma estabelecia. O julgamento sobre os meus próprios comportamentos veio da ideia de que eu tinha que ser perfeita. Mas não atingir um objetivo ou cometer um erro não deve ser visto como um fracasso, mas sim como uma forma de te conheceres melhor. Além disso, já sabemos que a perfeição não é possível. Graças a todos os livros de auto-ajuda e citações inspiradoras por aí (então começa a acreditar!); mas mesmo que fosse alcançável, não te iria deixar mais feliz. O teu objetivo enquanto ser humano deve ser encontrar o equilíbrio, não alcançar a perfeição.

O problema não és tu, são as tuas expectativas

Então, vamos por partes: muito provavelmente não te pareces com uma modelo do Instagram cuja fotografia passou por várias edições, também é provável que não consigas resistir a umas belas batatas fritas com queijo em cima ou que sintas preguiça de ir ao ginásio cinco vezes por semana. Quem nunca? Certo?! Mas acredito que usaste estes “fracassos” como justificativas para te criticares. E também deves ter pensado coisas como: “se eu tivesse mais força de vontade ou parecesse mais atraente, poderia conseguir o que quero”.
Mas já tentaste perceber a verdadeira razão pela qual queres alcançar isso? Será que ser igual à modelo do Instagram vai mesmo fazer-te mais feliz? Não. Serias mais feliz contigo mesma se fosses ao ginásio cinco vezes por semana? Não. Dizer “não” às batatas fritas com queijo para sempre deixar-te-ia mais realizada? Acredita que não.

A verdade é que ficamos tão envolvidas naquilo que devemos fazer, querer e ser que nos esquecemos de pensar no que realmente nos faria felizes. Se não estás a atender às tuas expectativas, o problema não és tu. O problema é que as tuas expectativas e objetivos não se alinham verdadeiramente com o que é preciso para te fazer feliz. Quando se trata de amor-próprio, de me amar e respeitar, isso significa que estou a deixar o meu corpo existir no espaço saudável em que deseja estar. O meu “peso ideal” é aquele em que me sinto forte, energizada e saudável, mas também aquele em que me permito indulgências extra e jantares com amigas – momentos de diversão que fazem a vida valer a pena. As nossas próprias expectativas e metas devem ser ferramentas que usamos para nos ajudar a viver vidas mais felizes. Caso contrário, qual é o objetivo afinal?

Há uma diferença entre o que pensas ser a realidade e o que é na verdade

A minha psicóloga mostrou-me que os meus padrões de pensamento entravam no modo “tudo ou nada”, também conhecidos como “pensamentos preto ou branco”. Ou estava perfeitamente saudável e motivada ou parava simplesmente de me preocupar com a minha saúde; ou estava a arrasar no trabalho ou achava que estava a estragar tudo e ia ser despedida; ou amava a minha roupa e o meu cabelo ou sentia-me totalmente insegura antes de sair de casa. O problema dessa forma de pensar é que eu acreditava no que a minha mente me dizia, pensando que era a realidade.

Queres saber uma grande novidade, disse-me a minha terapeuta: a vida tem tons de cinza. Além disso, não é apenas cinza, mas uma variedade de cores que podemos escolher. Se te criticas demasiado, na maioria das vezes é por causa da forma como pensas sobre ti e não a realidade (leia-se: ninguém é tão duro contigo quanto tu mesma). Percebe quando estás a pensar a preto e branco e adiciona outras opções de cores. Por exemplo, podes ser muito boa no teu trabalho e ainda assim cometer alguns erros, podes ser saudável enquanto te delicias com uma (ou mais) fatias de bolo de chocolate e ainda podes ser feliz com a tua vida, mesmo quando alguns acontecimentos te deixam mais stressada.

O respeito por ti mesma é o mais importante

A verdade é que o amor-próprio está em voga hoje em dia, mas gostaria de te falar sobre duas palavras que, para mim, fazem ainda mais sentido: respeito próprio. Infelizmente, a maioria de nós não vai viver com as vibrações da Lizzo 24 horas por dia, 7 dias por semana e amar tudo em nós mesmas (acredito que nem mesmo a Lizzo consegue!). Talvez queiras mudar o teu nariz, não gostes da textura do teu cabelo ou da tua aparência quando usas uma peça de roupa, ou te arrependas até hoje, de algo que fizeste há demasiado tempo. Mas está tudo bem, porque quando te amas (refiro-me a um amor-próprio real), não é que não tenhas esses pensamentos, mas sabes afastá-los e perceber o teu verdadeiro valor.

Alcanças o amor próprio da mesma forma que constróis qualquer outro tipo de relacionamento: mostra que te importas, faz o que dizes que vais fazer, aproveita o tempo que tens contigo mesma, sê gentil e atenciosa. A confiança é o que acontece quando confias na tua própria palavra, e o respeito próprio surge quando vives alinhada com quem realmente és.

QUEREMOS QUE SAIBAS

No Hey Miga damos importância em manter a transparência com quem nos lê.
O conteúdo presente neste artigo é apenas uma partilha com fins meramente informativos, e portanto não constitui aconselhamento profissional de qualquer tipo. Se precisas de ajuda pondera contactar um profissional de saúde mental credenciado ou ligar para uma destas Linhas de Ajuda.

Total
0
Partilhas
Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigo Anterior
Favoritos do Mês de Março

Favoritos do Mês de Março

Próximo Artigo
As 8 Lições que Aprendemos Tarde Demais na Vida

As 8 Lições que Aprendemos Tarde Demais na Vida

Artigos Relacionados
Total
0
Partilha